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O Segredo de Barakzig

Três dias, Galius. Nem um minuto a mais, nem um segundo a menos. Você sabe que o equilíbrio é frágil, e qualquer desvio poderá desencadear forças além do nosso controle.

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Era apenas dia 16 de Misuthar de 325 D.Q., quando em Buzzadush, a cidade de entrada ao norte de Raz Umgor, descia uma brisa fria vinda do pico das montanhas cobertas de neve à leste da cidade. Algo incomum para essa época do ano. Kaeleen, a jovem meia-elfa reclamava da temperatura:


- Cacete, não tinha lugar mais quentinho pra gente ficar não? Lumnaar tava tão bom...


- Confesso que eu também não sou fã do frio, Kaeleen, mas você sabe o que a gente veio fazer aqui - interrompeu Elara, a maga do grupo


- Sim, eu sei, Elara, mas... Tem algo me dizendo que alguma coisa muito ruim vai acontecer com a gente... Eu sei que você não acredita nessas coisas, mas...


- Deixa de bobeira, Kaeleen. Se você me apresentar alguma evidência de que esse seu sentimento - e disse fazendo gestos de aspas no ar - faz algum sentido de fato, então a gente dá meia volta e retorna pra Lassendir...


- Não, eu não tenho nada, mas...


- AHEM, to atrapalhando algo no cochicho das senhoritas? - interrompeu Borin Fireclaw, um anão corpulento com braços fortes como troncos de árvore e amigo das aventureiras.

 

Borin era o dono d'A Toca do Dragão, a taverna mais conhecida da cidade, muito conhecida pela Costela de Javali Ensopada no Creme de Unicórnio, um prato que Borin sentia muito orgulho de vender. A grande verdade é que ninguém sabe exatamente como o creme era feito e muito menos de onde vinham os supostos unicórnios que Borin dizia utilizar na receita. De qualquer forma a opinião de quem provava o prato era unânime: delicioso e com sabor de comida caseira.


- Você tem certeza que ele vem mesmo, Borin? - respondeu Elara em voz baixa, como se estivesse escondendo algo - Você sabe que as entradas de Barakzig ainda estão totalmente vigiadas mesmo depois do Grande Conselho ter oficialmente desativado a mina.


- Ah, mas você não precisa me dizer como estão as coisas na minha cidade - respondeu secamente Borin, cerrando os olhos e franzindo as sobrancelhas ao encarar Elara - Mas sim, ele vem hoje mesmo e vai trazer o mapa dos interiores da mina que você havia pedido - o anão se apoiou no balcão da taverna onde algumas tatuagens e cicatrizes de batalhas antigas lhe marcavam a pele. Mas o que chamava atenção mesmo era o par de anéis vermelho rubro que quando juntos, formavam uma espécie de asa com aspecto reptiliano - Francamente, eu não sei o que diabos vocês querem fazer naquela mina. Se até o próprio Conselho decidiu encerrar as atividades por lá, vocês também deveriam manter distância daquilo.


- Não seja tolo, Borin - respondeu Elara, colocando suas mãos sobre as mãos do anão - É claro que se o Conselho fechou a mina é porque eles devem estar escondendo algo por lá e por isso não querem ninguém bisbilhotando... - deu outra garfada na Costela de Javali e continuou com a boca cheia - E... é claro que deve... gulp... ser algum artefato muito poderoso ou algum tesouro infalfulavel! - concluiu ela com um brilho nos olhos como se vislumbrasse o artefato mais poderoso deste plano a um palmo de distância e e engolindo a comida.


- Ou o nosso túmulo - Interrompeu secamente Kaeleen, que já havia terminado seu prato - Mas não adianta, Borin. Ela está convencida de que existe algo por lá e você sabe como a Elara é, além disso...


Um golpe vento frio atravessou a taverna quando a porta se abriu. Dela surgiu um homem encapuzado vestido com trajes surrados e carregando algumas malas. Ele rapidamente atravessou o salão em direção ao balcão da taverna. Houve um instante de silêncio enquanto o homem fazia seu movimento, mas logo o burburinho, os risos e as conversas reocuparam o salão da Toca do Dragão.


O rapaz alto e esguio sentou-se ao lado de Elara e puxou o capuz que cobria parcialmente seu rosto, fazendo cair um pouco de neve sobre o balcão e revelando homem pálido de olhos escuros como a noite e um rosto fino de queixo marcado. Uma cicatriz atravessava o lado direito de seu rosto e uma fileira de brincos de diversos tamanhos e cores decorava sua orelha direita. O homem encarou profundamente Elara por um instante para então medir Kaeleen com os olhos, como se estivesse se certificando de algo ou fazendo algum tipo de avaliação e então se virou para Borin:


- Está feito, Borin. - Disse o homem encarando o anão debruçado no balcão. Sua voz era grave, fria e seca, e parecia sibilar cada palavra. - Após exatos três dias de preparo, o combinado está pronto e aquele que espreita nas sombras será despertado esta noite.


- Como é que é? - interrompeu Kaeleen com o olhar assustado - Quem será despertado? - Interrompeu Kaeleen estarrecida com a fala do homem.


Borin ignorou o questionamento de Kaeleen e respondeu o homem:


- E o Conselho? Aquelas velhas malditas são as que mais me preocupam.


Neste instante Kaeleen e Elara arregalaram os olhos e desencostaram do balcão, como se estivessem se preparando para algo.


- As velhas não farão a menor ideia do que aconteceu e seus últimos suspiros serão respirando as cinzas de Datan quando Ele despertar.


Uma fração de segundo passou e de repente um acesso de tosse tomou conta da taverna, todas as pessoas que estavam comendo e bebendo repentinamente começaram a passar mal, tossindo, vomitando:


- ERRRGHHH - alguns gemiam e grunhian com as mãos no pescoço.


O que antes era uma taverna, agora havia se tomado um filme de horrores: guinchos agudos e sufocados de pessoas gritando o nome de Borin e rastejando em direção ao balcão com as mãos esticadas. - SOCORR... AARRGHH -. Os olhos vermelhos e esbugalhados sangrando, as veias saltadas nas têmporas pulsavam enquanto a espuma branca na boca denunciava o envenenamento coletivo que estava acontecendo naquele momento.


"A comida - pensou rapidamente Kaeleen. A jovem elfa se concentrou por um momento e numa fração de segundo seu olfato tornou-se tão apurado quanto o nariz de uma dúzia de cães e ela pode perceber o diluído aroma de Sangue de Verme Púrpura, um veneno muito difícil de se obter e extremamente eficaz."


Neste mesmo instante Elara havia começado a sofrer os efeitos do veneno, tombando para trás e caindo da banqueta do bar. Ela se contorcia, grunhia e gemia apertando o próprio pescoço buscando por ar. Kaleen rapidamente pôs-se de pé num pulo ao mesmo tempo em que sentia os efeitos do Sangue de Verme Púrpura agirem no seu corpo. Seus músculos espasmavam e a visão ficava mais turva a cada segundo. Numa fração de tempo, a única coisa que Kaeleen conseguia perceber era a voz de Borin e do homem misterioso de forma difusa e distante:

 - Que tragédia, haha! - riu de forma sádica o homem - Elas até que poderiam servir para alguma coisa, hein, Borin? O Isexith, aquele seu amigo necromante, não foi convidado para o banquete?


- Não seja tolo, Lawix. - interrompeu o anão - É uma questão de tempo até que algum guarda de Datan apareça por aqui. Se a Rainha nos concedeu essa missão, então devemos honra-la até o fim e sem falhas.


- Tem razão. Me ajude a levar os corpos para os fundos e de lá podemos empilha-los em algumas carroças e incendiar ou quem sabe despachar em fretados para os desertos de Ning Zareth... Aposto que os vermes púrpuras fariam um banquete com esse bando de gente...



 


Kaeleen sonhava que estava caminhando num grande bosque coberto por flores de lavanda. "Lavínia" - a meia-elfa identificou. Ela trajava um robe branco com detalhes verdes e prateados, e também havia um broche de uma lua crescente prateada preso na altura do peitoral. Alguns metros a frete havia uma pessoa sentada numa formação rochosa, cercada por símbolos e runas mágicas.


- Oi? - gritou Kaeleen - Você sabe onde eu estou? Foi você que me trouxe aqui? - questionava Kaeleen enquanto corria na direção do homem. A cada passo o cenário ao redor mudava: horas ela estava cercada por árvores e em outros momentos corria sob a água num enorme rio, e então parecia cair, para então parecer planar em direção ao homem durante a corrida - Você viu minha amiga, Elara?


- Se acalme, minha criança. - respondeu o homem - Aqui você está está a salvo, e por hora, é isso que importa.

- Mas eu estava em Buzzadush e todas aquelas pessoas morrendo e...


- Sente-se - interrompeu o homem. Ele virou-se em direção a Kaeleen. Sua pele era branca como a neve mas possuia um brilho peculiar. Seus olhos azuis como a mais rara das safiras e o longo cabelo louro que brilhava como a luz do sol estava trançado como a mais perfeita das cordas élficas. As orelhas pontudas revelavam que o homem era um elfo. Em volta dele havia uma aura dourada e onde essa aura tocava havia uma celeridade no crescimento das flores e da vegetação - Você está morta.


- AHHH, O QUE? - e Kaeleen deu um pulo para trás - EU, EU MORRI? - gritou a elfa com a voz esganiçada e os olhos arregalados e cheios de lágrimas.


- Sim. Você morreu - respondeu calmamente o elfo - E assim como faço com todas as minhas criações, vim pessoalmente recebe-la, Kaeleen. Eu, Corellon Larethian, o criador da nossa raça.


Kaeleen sequer percebeu o que Corellon havia dito e certamente estava tão ansiosa e confusa que sequer entendeu que estava lidando com o criador da raça dos elfos.


- Mas eu estava em Buzzadush agorinha e Elara... E Borin e aquele homem, Lawix, estão planejando algo contra Datan, eu não posso deixar isso acontecer... - disse Kaeleen com as mãos na cabeça desesperando-se - COVARDES, envenaram a todos! Se eu soubesse que...


- Alcalme-se. - disse Corellon se levantando. O elfo era particularmente alto, quase duas vezes o tamanho de Kaeleen, mas caminhava de forma sutil, como se deslizasse. A cada passo um pequeno pulso de luz iluminava o chão - De fato, algo terrível está para acontecer em Datan, mas é resultado das próprias ações e escolhas dos anões e do Conselho. Este é o preço das escolhas daquele povo.


- Mas eu não posso permitir que isso aconteça, Corellon. Existem pessoas e mulheres e crianças lá e nem todos são responsáveis pelas escolhas do Conselho... Moradin! Fale com Moradin e ele pode ajudar, se você apareceu pra mim, certamente Moradin pode ajudar Datan.


- Minha criança, Moradin votaria pela reabertura de todas as minas de toda Kaldor e se pudesse transformar o núcleo deste planeta numa jóia, ele certamente faria. Por favor, não confunda deidade com bondade. - Concluiu Corellon olhando para Kaeleen com a sobrancelha arqueada.


- Eu sei, mas... E Elara? Ela não é uma anã e pagou o preço por algo que sequer estava ciente. Você sabe que o que quer que seja essa força, se ela é de fato capaz de destruir as paredes das cidades de Raz Umgor nenhuma outra cidade kaldoriana resistiria por muito tempo e seria um extermínio de povos e vidas inocentes. - Argumentou Kaeleen gesticulando de cima da pedra onde Corellon estava sentado, como se o lugar mais alto fizesse o elfo dar-lhe mais atenção.


Corellon parou de andar e virou-se rapidamente para Kaeleen - E o que você sugere? - perguntou com a voz calma mas com um tom de curiosidade.


- Me permita voltar! - Corellon hesitou e ergueu as sobrancelhas - Lawix disse que o resultado de um trabalho de três dias seria visto essa noite em Datan... Se eu conseguisse ao menos chegar na cidade para alertar o Conselho, isso daria tempo da guarda se preparar e não ser pega de surpresa... Ao menos eles teriam uma chance.


- Te enviar de volta seria contra as regras - disse Corellon - Seu espírito deve vagar para as terras distantes agora.


O elfo respirou fundo e olhou os olhos marejados de Kaeleen - Se eu te enviar de volta e você falhar, eu não irei abrir os portões da travessia novamente - Kaeleen assentiu com a cabeça - E seu espirito permanecerá preso naquele plano por tempo indeterminado - Kaeleen seguiu concordando com as condições.

- Que seja. - Disse Kaeleen firmemente. Corellon arregalou os olhos. - Me mande de volta, eu estou pronta.


- Pois bem... - Corellon estendeu os dois braços e executou algumas mudras: da ponta de seus dedos indicadores surgiu um ponto de luz dourada e o elfo ficou rodeado por runas e símbolos arcanos. Após alguns gestos e algumas palavras que Kaeleen não conseguiu identificar, o elfo abriu os braços e um portal surgiu mostrando o corpo de Kaeleen e de Elara empilhados junto aos outros corpos na taverna. - Sua amiga, Elara, ela ainda está viva, mas não por muito tempo. Eu irei restaurar seu corpo e seus encantamentos mas leve isto com você - Corellon encostou o dedo indicador na testa de Kaeleen e uma luz prateada com detalhes verdes irradiou de lá - É o Conhecimento para remover a toxina do corpo da sua amiga mas você deve ser rápida. Mais de uma vida pode ser salva se você for bem sucedida na sua missão.


Kaeleen assentiu com a cabeça enquanto as lágrimas desciam pelos olhos e saltou rapidamente da pedra em direção ao portal. Pouco antes de atravessar o encantamento, a elfa olhou para trás mas já não havia mais ninguém lá.


Com um sorriso no rosto, Kaeleen atravessou o portal e despertou n'A Toca do Dragão.



 

Kaeleen arregalou os olhos e pode ouvir de fundo a voz de Borin e Lawix. A elfa se ergueu rapidamente, sentindo-se completamente revigorada e viu Elara com a respiração fraca e nitidamente quase morta logo ao seu lado. Kaeleen se agachou, colocou as mãos sobre o tórax de Elara e uma luz prateada com lampejos verdes irrompeu da palma de suas mãos.


Elara deu um grunhido e vomitou toda a comida que havia ingerido dentro da taverna enquanto Kaeleen observava de perto. A maga olhou em volta e percebeu a amiga elfa agachada ao seu lado:


- Você... Você tinha um antídoto? O que... arghh - grunhiu, se contorcendo de dor no chão - Que negócio horrível, como você...


- Shh, não dá tempo de explicar - Interrompeu Kaeleen ajudando a amiga a se levantar - Borin e Lawix eles armaram alguma coisa em Datan e vai acontecer essa noite. A gente precisa ir pra lá agora e...


- Mas o que aconteceu, como você conseguiu levantar? Eu só me lembro de.. argh - disse Elara se recompondo.


- Depressa, temos que fugir daqui antes que eles voltem. Precisamos chegar em Datan até o anoitecer.


- Certo, certo - disse Elara bebendo um líquido vermelho numa pequena garrafa redonda que ela havia tirado de sua bolsa - Deve ter alguns cavalos na entrada da taverna, depressa.


As duas se agacharam e se esgueiraram atrás da pilha de corpos bem a tempo da porta dos fundos se abrir e revelar Borin e Lawix.


- Daí eu falei para eles que se Tiamat escolheu a gente para fazer o... - os dois homens pararam olhando para a pilha de corpos - Ora, ora, parece que alguém tinha algum truque na manga - e puxou a espada da cintura. Lawix tirou o colar que estava utilizando e o artefato mágico de cinco cores: preta, azul, verde, vermelho e branco, começou a rodopiar na sua frente. - Eu consigo sentir o cheiro de vocês daqui, não é hora de brincar de esconde-esconde.


Elara e Kaeleen se olharam e começaram a circundar sorrateiramente a pilha de corpos para se manterem longe do campo de visão dos homens. Um passo em falso de Kaeleen e CLENK uma pequena adaga foi chutada por acidente revelando a posição das aventureiras.


Um clarão rompeu da pilha de corpos e uma enorme bola de fogo disparada por Lawix explodiu os corpos jogando pedaços carbonizados de carne para todos os lados, mas também revelando a dupla de amigas.


Kaeleen correu pela direita e Elara pela esquerda. A maga esfregou as duas mãos e uma carga elétrica surgiu na ponta de seus dedos. Numa cambalhota ela retomou a visão de Lawix e apontou os dedos para o elfo disparando raios elétricos, mas com um gesto do elfo, os raios foram desviados para o céu fazendo uma série de relâmpagos e trovões atravessarem o ar. Uma disputa arcana estava travada entre os feiticeiros - faíscas e jatos de luzes coloridas atravessavam e cortavam o ar com zunidos e explosões secas.


- Hey Kaeleen, você sabe que eu jamais te machucaria... Veja, a gente pode conversar, eu tenho uns amigos que precisam muito da ajuda de uma clériga em algumas aventuras. - Disse Borin de forma sarcástica esperando algum movimento de Kaeleen.


- SEU TRAIDOR! - Gritou furiosamente Kaeleen saltando de trás de uma caixa de madeira. Sua maça brilhava com uma cor dourada, mas o anão foi mais rápido e saltou para trás. Onde a maça de Kaeleen atingiu o solo, um clarão foi emitido e a neve derreteu, mostrando o chão queimado como que por fogo logo abaixo - É o seu fim, Borin! - Mas antes que pudesse levantar a maça novamente, Kaeleen parou e analisou o cenário logo atrás do anão: o sol se punha no horizonte anunciando o prelúdio da noite. Um frio tomou-lhe a espinha: ela estava tão próxima de Borin, era apenas um acerto e seria o fim do anão... Mas e se ele tivesse algum truque na manga... Ela não podia perder tempo. - Elara, depressa! - Kaeleen guardou a maça no cinto e num golpe rápido deu um chute no anão que caiu de costas no chão sob uma pilha de destroços e corpos.


Elara estava focada na batalha contra Lawix mas entendeu a mensagem. Rapidamente ela pegou um frasco de tinta da sua bolsa e junto à uma mudra arremessou o frasco no chão fazendo surgir uma fumaça preta que escureceu todo o lugar. Kaeleen enxergava normalmente no escuro e rapidamente agarrou Elara pelo braço. As duas correram em direção a entrada da taverna onde alguns cavalos aguardavam seus falecidos donos.


- Depressa, antes que eles levantem. - apressou Kaeleen - Temos que chegar a Datan até o anoitecer, este é o meu acordo.

- Que acordo, Kaeleen? - questionou Elara arrumando as rédeas enquanto montava em outro cavalo.


- Eu te conto no caminho, agora vamos! YA! - e Kaeleen estalou as rédeas fazendo o cavalo rodopiar, mas quando ambas estavam quase na entrada da estrada um raio de fogo atingiu em cheio o cavalo de Kaeleen, arremessando a elfa para um canto de neve. Elara parou seu cavalo e pulou em direção a Kaeleen. Borin e Lawix corriam na direção das aventureiras.


Elara encostou a mão no chão, fechou os olhos por um segundo e conseguiu visualizar toda a cena numa fração de segundo, como se o tempo tivesse parado. Ela não teria chance sozinha contra os dois. Mas igualmente nenhum deles sozinho teria chance contra elas. A maga elaborou a cena na sua cabeça e estava pronta para ação - "É isso".


Elara deu um passo como se estivesse subindo o degrau de uma escada invisível: desapareceu e apareceu imediatamente atrás dos dois homens sem que eles pudessem perceber. Num complexo gesto com as mãos, um raio roxo foi emitido da ponta de seus dedos atingindo em cheio o anão que caiu adormecido. Um outro passo na escada invisível e Elara estava de volta à Kaeleen que terminava de se levantar.


Lawix olhou para Borin e então para as aventureiras. Um instante de hesitação tomou conta do elfo: ele sabia que não poderia fazer nada sozinho, mas deixar a dupla escapar para Datan poderia por em risco o plano.


- Acabou! - gritou Elara com as mãos em chamas, pronta pra incendiar o elfo - Dê tchau para o seu amigo traidor e... - Kaeleen segurou no braço de Elara e apontou para o horizonte onde os últimos raios de sol surgiam. "Temos que ir, Elara. Agora." - Elara bufou, encarou Lawix e em seguida Kaeleen. Assentiu com a cabeça e ambas correram em direção ao cavalo que estava a postos na estrada.


De longe elas puderam ver o elfo despertando o anão. A medida que a escuridão da noite avançava pela estrada engolindo os últimos vestígios de sol numa fúria implacável, a dupla via ao longe a estrada que levava até Datan. O destino da capital dos anões agora estava na mão de duas aventureiras que corriam contra o tempo na tentativa de salvar a todos.

 

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